segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Sentimentos de um brasileiro ao narrar a História de seu País

Sou cordial. Sei que a América é o continente onde foi jorrado mais sangue em toda a história em seu período de colonização, superando o saldo de mortes das duas guerras mundiais juntas. Descobrir a América pode ser motivo de orgulho para muitos, mas para mim nada mais é do que a predominância de um povo maniqueísta que não consegue conviver com a diversidade.

Sou conformado. Sei que o Brasil foi regado de autoritarismos, onde a ânsia pelo poder alimentou uma segregação racial que perdura até os dias de hoje. Negros e índios que não pegassem na enxada eram castigados por um chicote, quando não armas mais torturosas e de maior potência. O dia em que essa violência foi extinta, não consta no meus conhecimentos. Já li nos jornais casos que comprovam a inexistência dessa utopia. Mas de uma coisa sei: que isso não teve fim em um 13 de maio qualquer.

Sou otimista. Apesar da origem da República no Brasil impedir qualquer manifestação contrária às ideologias dominantes, o País teve verdadeiros representantes que fizeram jus ao posto.

Getúlio Vargas, com seu nacionalismo e obsessão em querer ser Benito Mussolini, não deu chance alguma aos imigrantes ilegais que vieram parar em seu Estado Novo. Seu dilema de identidade nacional impediria qualquer revolução encabeçada por um estrangeiro.

Juscelino Kubitschek e o surgimento de Brasília arquitetada por Niemeyer traçaram a era 1956-1961. Não se pode negar que com ele o Brasil deu um grande salto nas áreas tecnológicas e industriais. Já ouvi dizer que com ele o Brasil evoluiu uns 50 anos - mas também se endividou por um século.

Anos mais tarde veio a Ditadura Militar. Apesar das mortes, torturas, execução de socialistas, anarquistas e comunistas, implantação do AI-5, censura da imprensa, ato de recolher, mentiras, lavagens, manipulação, abuso de poder, é nesse período que data a "fase de crescimento" do Brasil. Sim, nossa economia era de alargar risos. E, os defensores de um outro método de política, o que eram? Subversivos contrários à pátria que mereciam ser deportados ou executados. "Brasil, ame-o ou deixe-o". Ousasse contestar.

Regado de democracia, Fernando Collor elevou o orgulho de ser brasileiro. Bloqueou contas e fez o favor de empurrar para o fim do precipício miseráveis que ainda tinham fé de que a situação econômica dos pobres iria melhorar. Que nada, é apenas um incompreendido. Mas sabe que é amado pela nação. Senão, o que justificaria sua volta para a cena política?

O tempo passou e a democracia nos trouxe o petista Lula. Mensalões, apadrinhamentos, lavagem, corrupção escrachada, tentativa de pôr fim à oposição, mesada aos pobres, ira com os rebeldes... Infortúnios à parte, nosso Lula é o brasileiro que mais se assemelha com o povão. Gosta de churrasco, não nega uma Skol gelada, é católico e defende a vida sexual ativa de seus compatriotas. Tem uma boa personalidade, é sensível; adora ajudar. Quer ajudar Hugo Chávez a entrar no Mercosul, quer ajudar o País a dar etanol a preços ínfimos para os americanos, quer ajudar Fidel a sair da cama e restituir a sua Cuba Socialista, quer ajudar o Haiti instalando seus soldados para trazer de volta a palavra paz àquele lugar e até mesmo ajudar a pilhéria do Senado: nosso famigerado possessivo Renan Calheiros, que não quer largar a cadeira.

Tenho orgulho de sentar em uma mesa de bar com amigos e traçar o panorama político da Nossa Pátria Amada. Todos esse fatos, apesar de não girarem em torno do aproveitamento de nossas riquezas mais requisitadas como água, árvore e etanol, são motivo de contar boas histórias.

Li sobre psicologia e descobri que rir é tão bom que impede a contração de males e manda para o espaço as células malignas que formam as mais graves doenças no corpo humano. Assimilei essa informação científica com a História Brasileira, que todos deveriam encher a boca para contar de tão maravilhosa que é. E, como sou uma pessoa cordial, conformada e otimista, sei que a política nacional vai me livrar de inúmeras doenças das quais nem sei o nome. Pois, motivos para rir não faltam - só não pode se sensibilizar demais com nossa história, ou as células podem se rebelar, e os efeitos...bom, é melhor nem pensar!

1 comentários:

Guilherme Lima disse...

O que dizer de um blog tão interessante? Podia dizer um palavrão, mas o horário nobre não permite... Parabéns Tiago, idéias muito bem discutidas, muito bem escritas, muito bem narradas. Mandou muito bem...