terça-feira, 6 de novembro de 2007

Existe democracia cultural?

Que loucura! É de deixar perplexo, estupefato! Até para se refugiar das tragédias e roubalheiras que tanto se vê no cenário sócio-político brasileiro, está praticamente impossível afogar-se em um universo paralelo.

Mire e veja: estudantes e fãs da leitura, indignados com os absurdos preços de livros, enciclopédias, revistas especializadas e diversos materiais impressos encontrados nas grandes livrarias da cidade, recorrem aos Sebos a fim de pagar mais barato por um produto cultural já utilizado. Só que, na caça de um produto desses, pode acabar de frustrando com os valores cabais que pode achar.

Andando pelos inúmeros sebos da cidade a procura de "Os Miseráveis", vastíssima obra de Victor Hugo, senti a facada quatro vezes apunhalar meu âmago: no primeiro sebo em que fui, localizado na Avenida Santo Amaro, deparei com um papelzinho indicando o valor de R$150 em três antigos volumes da obra.

Nos outros três sebos, com a esperança de visualizar melhores preços no livro, só acabei ficando mais irritado com as 'facadas' - o valor mínimo que achei era de R$55 por um produto já reutilizado diversas vezes, em um volume da década de 50.

E isso não é o pior. Casos semelhantes ou piores ocorrem diariamente. Universitários e leitores de carteirinha de baixa renda, infelizmente, até para dar continuidade aos estudos e análises literárias devem se render a alta lucratividade desses postos de venda e restringir seu tempo livre de leitura, muitas vezes por não ter dinheiro suficiente para ampliar a prateleira.

Então, o que resta? Recorrer a 'ilegalidade'. E qual é a 'ilegalidade'? A tão proibida cópia!

Apesar de uma cúpula decidir que apenas 10% de livros, tanto didáticos como obras ficcionais, possam ser copiados, essa porcentagem é ínfima se comparado às exigências pedagógicas que estudantes necessitam para melhor formarem-se culturalmente.

Ou seja, essa decisão prejudica professores, que não podem dar a oportunidade de seus alunos adquirirem mais repertório (a não ser que o aluno tenha como 'sustentar-se na cultura') para ampliar discussões em sala de aula; alunos, que nem sempre podem providenciar essas obras; e também a população em geral, que não se estimula em comprar novos e antigos livros por seus elevados preços.

E mais uma vez sai perdendo a maioria, enquanto uma minoria oligárquica do ramo vai se beneficiando com os altos custos de obras impressas. Até em um âmbito que deveria lutar contra a corrente do sempre lucrar é impossível encontrar democracia. Será que o sentido dessa palavra realmente existe na prática?

1 comentários:

Guilherme Lima disse...

Atualiza essa porra e faz do seu blog um portifólio...rsrsrs