domingo, 4 de novembro de 2007

Alterações abafadas na SP Trans

Que abafado! Sinceramente, está difícil andar no transporte metropolitano público (ou, para ser breve e falar a língua portuguesa, andar de busão) na gigantesca Zona Sul de São Paulo, a maior região da cidade.

As alterações das linhas de ônibus nos bairros próximos ao Grajaú, Jardim Castro Alves e Cidade Dutra (para quem não conhece, são bairros periféricos da Zona Sul, afastados do Centro) prejudicou muitos usuários; principalmente os trabalhadores que dependiam de certos itinerários para chegar a tempo no serviço.

Saíram de circulação, no dia 7 de outubro, linhas extremamente úteis para "andadores de pé" da região, como a 695C/10 Jd. Castro Alves - Vila Mariana, 6029/10 Jd. Castro Alves - Terminal Santo Amaro, 5630/10 Jd. Eliana - Brás, 5631/10 Cidade Dutra - Largo São Francisco e a bastante utilizada 6726/10 Jd. Gaivotas - Metrô Ana Rosa.

Todas essas linhas foram substituídas ou migradas para novos itinerários, localizados no Terminal Grajaú. É o caso da criação das novas linhas 5630/10 Term. Grajaú - Brás, 675X/10 - Term. Grajaú - Metrô Vila Mariana, 6970/10 Term. Grajaú - Term. Santo Amaro.

Os bairros que perderam a opção de seguirem direto às regiões mais próximas do Centro devem adaptar-se às novas linhas que seguem direto para o Terminal Grajaú, que se localiza róximo a esses locais. Ganharam as linhas 6062/10 - Jd. Castro Alves - Term. Grajaú, 6076/31 - Jd. Progresso - Santo Amaro, 6726/10 Jd. Gaivotas - Term. Grajaú e 6083/10 - Jd. Eliana - Term. Grajaú.

Essas mudanças provocaram um caos imenso no transporte público. Se andar de ônibus já era ruim, agora está muito pior. Pelo menos essa é a realidade de quem mora nas proximidades desses "sacrilegiados" bairros.

EFEITO DA MUDANÇA

Moro no Parque América, local vizinho ao Jd. Castro Alves. Estudo de manhã e, para ir até a universidade, vou ao ponto final da linha 637V/10 - Pq. América - Pinheiros, para pegá-lo vazio. Sempre que ia até lá, por volta das 5:45 da manhã, o ponto de ônibus era recheado de cerca de, pelo menos, 120 pessoas. Agora, esse número duplicou.

Se antes eram formadas três filas cheias para pegar o transporte, hoje são mais de quatro, cada uma parecendo com a fila do INSS.

Ou seja, o povo dependente das linhas extintas se direcionaram até o destino final do Pq. América para fazer baldeação até um ponto onde se tenha mais opções de ônibus.

As novas linhas não estão dando conta de dar assistência aos moradores desses bairros. De cada dez pessoas que pergunto sobre o assunto, pelo menos 9 me dizem frases como essas: "Amanhã vou ter que acordar mais cedo pra pegar ônibus", "tirar essas linhas mudou totalmente minha rotina para pior" ou ainda "estão esquecendo que a população periférica é a mais dependente de transporte coletivo".

Antes, pegava o Pq. América - Pinheiros "não muito cheio" no horário de pico. Agora, para pegá-lo, tem que rezar para conseguir ao menos ir pendurado nas portas.

SOLUÇÃO

Se o objetivo era mudar rapidamente a situação do transporte público paulistano, conseguiram. Só que para pior. Tirar linhas úteis para aproveitar a integração (obtida com o "cartão dos pobres" ou Bilhete Único) aos terminais de ônibus, só atrasa a vida de uma população que quer chegar o mais rápido possível ao trabalho, colégio ou universidade. E essa mudança só causou mais lerdeza para os dependentes do "busão".

Para melhorar, somente colocando mais transporte coletivo nas ruas, investindo mais em transportes rápidos como metrôs e trens metropolitanos, aumentando o número de frotas, mantendo o rodízio de carros para não intensificar o trânsito e criando mais passagens exclusivas aos ônibus (como os passa-rápidos). Em suma, tem que investir em transporte público.

REALIDADE SIMILAR

Não foram apenas essas alterações que prejudicaram o cidadão "tomador" de ônibus. Na região próxima ao Jardim Ângela, a linha 637N/10 Jd. Nakamura - Itaim Bibi também perdeu seu lugar ao sol. Segundo o site da SP Trans, esse itinerário foi retirado pois o cidadão "tem como opções as linhas 6017/10 Nakamura – Santo Amaro; 6811/10 Parque do Lago – Borba Gato; e 637C/10 Jardim Jacira – Pinheiros"

Estava em pé no ônibus e escutei um comentário de uma usuária, que não parecia muito satisfeita com a mudança. "Sem essa linha do Itaim Bibi tenho que pegar uma perua até o Terminal Santo Amaro e com isso gasto muito tempo. A perua que pego sempre está lotada e raramente se consegue sentar naquele inferno", disse.

Apenas como ouvidor, me sensibilizei. Mas estou tranqüilo: com certeza, essa bomba não estou segurando sozinho. Tenho com quem compartilhar minha profunda indignação com tamanha falta de responsabilidade na gestão de transportes.

Otimistas dizem que esse ato pode ser vantajoso a longo prazo. Mas, sinceramente, duvido muito que altere para melhor a realidade desse povo que não tem seu próprio carro.

Agora sim, acho que desabafei! Ufa!

1 comentários:

Guilherme Lima disse...

Essa é a realidade brasileira Tiago, não vai mudar nunca mais. Para o político quanto mais o pobre se fuder mais eles lucram e onstentam riqueza com seus utilitários que além de aumentar o engarrafamento, pois são carros maiores, poluem mais que os outros. E na grande maioria das vezes somente o motorista, que nas mesas dos bares, se diz preocupado com o meio ambiente. Ano que vem tem eleição, NULO NELES. Mas quem votou no Lula, tem mais é que se fuder mesmo...